Poupanças
Já aqui o disse antes e repito: um país que não investe na educação dos seus jovens não me merece qualquer respeito. Ou seja, desde há muito tempo que deixei de acreditar nos sucessivos governos que declararam "paixões" que afinal se mantiveram platónicas.
Numa destas sextas-feiras, enquanto cumpria os meus 3 tempos de Componente Não Lectiva na Sala de Estudo da minha escola, observei uma colega de Português que ensinava o alfabeto a uma aluna de 5º ano. Cena absolutamente surreal... a menina, já com 14 anos, dava conta de tudo o que se passava à sua volta e a minha colega já não sabia como lhe focar a atenção no que estavam a fazer.
Agora pergunto eu como é que esta miúda chegou ao 5º ano numa escola oficial sem saber ler nem escrever, sem sequer reconhecer as letras do alfabeto? Certo, eu sei que é uma aluna com Necessidades Educativas Especiais e está reconhecido na lei o direito que estes jovens têm ao ensino, e mais ainda à integração no ensino dito normal. Sei que as turmas onde estão integrados até só(?) têm 20 alunos para que os professores lhes possam dispensar mais atenção. Tudo bem! Mas a menina tem 14 anos, passou por 4 anos de Ensino Básico sem qualquer espécie de progresso (nem sequer sabe escrever o seu nome completo!) e ainda ninguém percebeu que talvez fosse melhor para ela estar numa escola de Ensino Especial onde professores especializados em lidar com este tipo de jovens com deficiências pudessem fazer alguma coisa por ela? Ninguém percebeu que o facto de ser "gozada" pelos colegas pode fazer com que ela se feche ainda mais nas suas dificuldades? Ninguém percebeu que uma professora como eu, sem qualquer tipo de formação no ensino destas crianças, por muito boa vontade que tenha, pode prejudicar mais que ajudar?
Pois não, parece que ninguém percebeu! Parece que é mais importante poupar uns quantos euros e fechar escolas de Ensino Especial, ou deixar de subsidiar instituições, e enviar estes miúdos para as escolas do Ensino Oficial onde os tais professores que não fazem nada se debatem numa luta inglória com situações destas. O mais natural é que esta menina acabe por chegar à idade adulta sem qualquer preparação para a vida. Sem saber contar dinheiro, preencher um cheque ou assinar convenientemente o seu nome. E viva a igualdade e a integração! Zeus me perdoe, mas há que reconhecer que de facto não somos todos iguais, ou somos iguais na nossa grande diversidade que, no mínimo, deve ser respeitada. Há que reconhecer que alguns de nós não conseguem fazer o 9º ano obrigatório, mas poderiam aprender a fazer coisas que mais tarde lhes fossem úteis para sobreviver na sociedade actual.
Vale poupar, mas tanto não!
E já agora, para quem se interessa pelo assunto recomendo a leitura deste artigo sobre NEDESP.
PANDORA
Numa destas sextas-feiras, enquanto cumpria os meus 3 tempos de Componente Não Lectiva na Sala de Estudo da minha escola, observei uma colega de Português que ensinava o alfabeto a uma aluna de 5º ano. Cena absolutamente surreal... a menina, já com 14 anos, dava conta de tudo o que se passava à sua volta e a minha colega já não sabia como lhe focar a atenção no que estavam a fazer.
Agora pergunto eu como é que esta miúda chegou ao 5º ano numa escola oficial sem saber ler nem escrever, sem sequer reconhecer as letras do alfabeto? Certo, eu sei que é uma aluna com Necessidades Educativas Especiais e está reconhecido na lei o direito que estes jovens têm ao ensino, e mais ainda à integração no ensino dito normal. Sei que as turmas onde estão integrados até só(?) têm 20 alunos para que os professores lhes possam dispensar mais atenção. Tudo bem! Mas a menina tem 14 anos, passou por 4 anos de Ensino Básico sem qualquer espécie de progresso (nem sequer sabe escrever o seu nome completo!) e ainda ninguém percebeu que talvez fosse melhor para ela estar numa escola de Ensino Especial onde professores especializados em lidar com este tipo de jovens com deficiências pudessem fazer alguma coisa por ela? Ninguém percebeu que o facto de ser "gozada" pelos colegas pode fazer com que ela se feche ainda mais nas suas dificuldades? Ninguém percebeu que uma professora como eu, sem qualquer tipo de formação no ensino destas crianças, por muito boa vontade que tenha, pode prejudicar mais que ajudar?
Pois não, parece que ninguém percebeu! Parece que é mais importante poupar uns quantos euros e fechar escolas de Ensino Especial, ou deixar de subsidiar instituições, e enviar estes miúdos para as escolas do Ensino Oficial onde os tais professores que não fazem nada se debatem numa luta inglória com situações destas. O mais natural é que esta menina acabe por chegar à idade adulta sem qualquer preparação para a vida. Sem saber contar dinheiro, preencher um cheque ou assinar convenientemente o seu nome. E viva a igualdade e a integração! Zeus me perdoe, mas há que reconhecer que de facto não somos todos iguais, ou somos iguais na nossa grande diversidade que, no mínimo, deve ser respeitada. Há que reconhecer que alguns de nós não conseguem fazer o 9º ano obrigatório, mas poderiam aprender a fazer coisas que mais tarde lhes fossem úteis para sobreviver na sociedade actual.
Vale poupar, mas tanto não!
E já agora, para quem se interessa pelo assunto recomendo a leitura deste artigo sobre NEDESP.
PANDORA
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