quarta-feira, dezembro 21, 2005

Mau chéri

Aproveito esta quadra para apelar aos instintos de sobrevivência de cada um de vós, no sentido de não contribuírem para a proliferação de um produto que em nada dignifica a raça humana, e que ainda vai acabar por a extinguir – o Mon Chéri.
Como é possível classificar tal mixórdia por “bombom”? Aquilo é um “maumau”, ou, melhor, um “péssimopéssimo”. Só alguém muito desiludido com a vida poderia conceber tal vingança. Alguém cuja revolta lhe toldasse o julgamento, ao ponto de achar que o mundo inteiro deveria pagar pela sua angústia. Não merecíamos...
A única coisa válida no meio desta aberração da criatividade é a coerência do artigo – é tudo mau! Desde a embalagem ao tamanho e à forma; passando, obviamente, pelo chocolate, pelo licor e pela cereja (só se safa a cor desta), que não se apresenta no “topo do bolo”, mas no interior do acerbo.
E o que dizer dos anúncios promocionais? Nada, não há nada a dizer. Resta-nos correr para o comando e mudarmos o canal - ao primeiro vislumbre daquele casal-de-série-americana-dos-anos-oitenta envolto num brilho celestial - antes que a totalidade do reclamo nos tolde o cérebro, como o acre do referido “doce” nos inquina as papilas gustativas.Como é possível alguém oferecer Mon Chéris no Natal? (a não ser ao pior inimigo, aí até se compreende - mas só se for um ódio visceral, daqueles sem perdão) No Natal!!???!! A época em que é suposto todos gostarmos uns dos outros, pelo menos um bocadinho.
Tenho a certeza que se Ele soubesse que isto se poderia passar tinha feito tudo para que o Filho nascesse em Julho - durante o período em que os senhores da Ferrero promovem a hibernação desta manhosa mercadoria, dando tréguas ao mundo - evitando que os festejos de tal sagrada data fossem amargados com oferendas tão agrestes - e como elas se repetem, em número e constância, em todos os cantinhos onde se assinala o nascimento do Messias!Sejam realmente bonzinhos, não ofereçam Mon Chéris.

claro no escuro