sábado, dezembro 17, 2005

O meu amigo...

Não posso dizer que andámos juntos na escola. Não posso dizer que torcemos pelo mesmo clube. Não posso dizer que estivemos apaixonados pela mesma rapariga e que até achávamos piada a isso. Não posso dizer que partilhámos qualquer coisa. Não posso sequer dizer que o conheci em vida, isso não posso. No entanto, sinto que ele é um dos meus grandes amigos. Na verdade, quase todos os portugueses sentem isso e esta nação começa a desesperar por ele aparecer cada vez menos vezes. Será bem triste o dia em que desaparecer de vez das nossas vidas…

Ontem à noite, o meu pai entrou intempestivamente na divisão que destinei a estas coisas de livros, papeladas e computadores. Desconfio que alguém lhe disse que é possível ver pornografia na Internet e ele entra assim, sem bater à porta, para ver se ainda consegue apanhar qualquer coisa antes de eu minimizar as páginas. Não sei, apenas desconfio.

De todas as questões inusitadas que me poderia colocar, resolveu perguntar-me se eu sabia o número suplementar do totoloto, ao que lhe respondi NÃO. No entanto, aproveitei a oportunidade para lhe mostrar todo o potencial desta coisa da Internet e, em meio piscar de olhos, lá estava eu a apresentar os algarismos.

- 22? É mesmo? Olha, engraçado… Ganhei um bacalhau na rifa de Natal da Adega! Tenho de ir buscá-lo urgentemente, antes que eles o dêem a outra pessoa.

O meu pai estava mesmo emocionado e ele não pertence ao grupo das
pessoas que se comovem facilmente, logo percebi que, à semelhança do que
acontece comigo, o bacalhau também é muito especial e querido para ele.
Bacalhau, espero que sejas meu amigo para sempre!

(Só não percebo por que raio o meu pai insiste em não jogar no totoloto…)

URGÊNCIA