sábado, janeiro 07, 2006

Esmagar o Preto

Lamber o branco, esmagar o preto
Cada um gira à volta do seu marfim
Cercado por elefantes.
Um preto, a cabeça entre os ombros
O olhar subjugado pelo rolo das vagas
Vaga, divaga, vaga à alma.
Pele nua que transpira o ambarino solar
Pele de pantera, ou pele de burro.
Pele de banana flambiada
Misturado entre mosquitos e baratas.
E os déspotas, os brancos que dizem "Adoro Africa"
Que de manhã até a noite não fazem senão...
Lamber o branco, esmagar o preto.
Não sou enquadrado pela fotografiaRallie Lisboa- Dakar.
Pesca grossa, safari de estrelas
A extravagância embraiada e embriagada
No ultimo tasco onde transpiram.
Eu pisco um olho aos focinhos dos cães batidos
Na manada de porcos gordos de divertimento
De peitoral insuflado, afrouxados na pança.
O ar esbatido, o ar abatido e quente
Que numa floresta de mãos pendidas
Vão aliviar-se, demasiados cheios de abundância
Na sombra dos coqueiros.
Mariolas emboscados, dedos dos pés em leque
Enquanto o preto repara válvulas partidas
Daqueles que de manhã à noite
Não fazem mais que...
Lamber o branco, esmagar o preto
Devorando cerveja sem partilhar.
Todos entendem, todos vêm, mas depois esquecem.
Cada um à sua vez
Lambe o branco, esmaga o preto.
(No Som É meu Convidado Eric Clapton)

O Meu Som