Jantar de negócios
Disse-me que o jantar ia ser em grande e que eu devia ir muito bonita. Isso não seria problema, disse eu, mas o Vasco replicou que caprichasse no decote, já que os atributos devem sempre saltar à vista.
Ora bem. Não só fiz gala dos meus atributos como ainda fui generosa noutros pormenores que agora não vêm ao caso.
Sentados à mesa, a coisa prometia. Pelo menos a diversão estava à vista com as histórias a choverem de todos os lados. Impressionavam-me os relatos que eles faziam da caça às perdizes e a outras galinholas, embora me tocasse mais a caça às rolas por ser observadora e não me escaparem facilmente os artributos postiços das presentes.
Os empresários tratam-se bem, pensava eu, enquanto esticava os dedos para olhar de novo o brilho que adornava o meu anelar. E o Valentim Matias, acompanhado por uma morena musculada, emproava-se todo a contar a cena do javali, enquanto encostava o joelho ao meu por baixo da mesa.
Falava-se de dinheiro - compras, vendas, trocas, impressos e formulários, notários e secretarias – e de carros. O Vasco só pensava no Lisboa-Dakar, mas faltava-lhe o co-piloto. Tinha de sair dali a equipa, dizia ele.
Às tantas enfastiei-me. Não me soava bem a exibição verbal de tantos negócios, sendo que todos eles ostentavam a sua própria como sendo a mais potente e acabada viatura da criação. Ora, de subsídios sabia eu, que já tivera amigos subsidiados em quantidade suficiente, mas para jipes?!
Às tantas perguntei mesmo, em voz melada “mas Vasco, esbanjar assim esses fundos?”;
“Não te preocupes, fofa, tu e estas meninas ainda hadem gozar de prazer no SPA que montei no Monte de Santa Quitéria” - e continuava: “as estufas já lá estão armadas, que aquilo é digno de se ver; só para plástico foram umas milenas; agora é plantar os tomateiros e deixar que o chão deia frutos; e se não der... quero lá saber!”
Arrepiou-me a perspectiva... mas o pior foi a fala com que o Vasco Nabo rematou a noite, quando pagou a conta: “não tênhamos ilusões: os fundos cobrem isto e muito mais...”
Não compreendo os homens
Ora bem. Não só fiz gala dos meus atributos como ainda fui generosa noutros pormenores que agora não vêm ao caso.
Sentados à mesa, a coisa prometia. Pelo menos a diversão estava à vista com as histórias a choverem de todos os lados. Impressionavam-me os relatos que eles faziam da caça às perdizes e a outras galinholas, embora me tocasse mais a caça às rolas por ser observadora e não me escaparem facilmente os artributos postiços das presentes.
Os empresários tratam-se bem, pensava eu, enquanto esticava os dedos para olhar de novo o brilho que adornava o meu anelar. E o Valentim Matias, acompanhado por uma morena musculada, emproava-se todo a contar a cena do javali, enquanto encostava o joelho ao meu por baixo da mesa.
Falava-se de dinheiro - compras, vendas, trocas, impressos e formulários, notários e secretarias – e de carros. O Vasco só pensava no Lisboa-Dakar, mas faltava-lhe o co-piloto. Tinha de sair dali a equipa, dizia ele.
Às tantas enfastiei-me. Não me soava bem a exibição verbal de tantos negócios, sendo que todos eles ostentavam a sua própria como sendo a mais potente e acabada viatura da criação. Ora, de subsídios sabia eu, que já tivera amigos subsidiados em quantidade suficiente, mas para jipes?!
Às tantas perguntei mesmo, em voz melada “mas Vasco, esbanjar assim esses fundos?”;
“Não te preocupes, fofa, tu e estas meninas ainda hadem gozar de prazer no SPA que montei no Monte de Santa Quitéria” - e continuava: “as estufas já lá estão armadas, que aquilo é digno de se ver; só para plástico foram umas milenas; agora é plantar os tomateiros e deixar que o chão deia frutos; e se não der... quero lá saber!”
Arrepiou-me a perspectiva... mas o pior foi a fala com que o Vasco Nabo rematou a noite, quando pagou a conta: “não tênhamos ilusões: os fundos cobrem isto e muito mais...”
Não compreendo os homens
1 Comments:
Adorei ler isto! Santa ignorância! A dos homens claro...Beijos
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