quinta-feira, janeiro 19, 2006

Para além da net...

aqui
Já cá ando há algum tempo e até já me atrevi, várias vezes, a ver caras que estão por trás de nicks. E a deixar ver a minha. De cada vez que uma dessas oportunidades surge, sinto um nó no estômago, porque não sei – nunca se sabe – como vai ser. Se vou gostar e fortalecer uma amizade; se vou perder um amigo.

Sempre entendi os meus nicks como bonecos que transporto comigo para, umas vezes, passar uma opinião; outras, um simples estado de humor. Alguns bonecos estão mais próximos do que sou; outros estão mais longe. Todos são uma parte de mim, mas não a totalidade. Um deles, achei que era demasiado "eu" e quase deixei de o usar. Às vezes, apetece-me uma "roupa nova" e surge mais um... Sem grandes traumas que logo me identificam. Porque, através destas "roupagens", iniciei laços de amizade e, quando tal acontece, torna-se fácil saber quem escreve como e sobre o quê, a forma como o faz. Também é verdade que umas pessoas têm mais jeito do que outras para detectives de nicks e que a informação corre depressa por aqui...

Mas, muitas vezes, os laços virtuais não chegam. Por isso arrisquei mais e atrevi-me ao contacto físico. Foram sempre surpresas... Isso agrada-me, porque quer dizer que os "meus bonecos", apesar de tudo, funcionaram e acho que sempre consegui surpreender de alguma forma e nem sequer falo de aparência física. Eu não acertei em quase nada do que imaginei dos outros. Também me agrada, porque a novidade surge com ar de complementaridade, traz riqueza aos laços que se estreitam. Algumas pessoas que cirandam por este espaço são minhas amigas agora. Amigos que quero manter. Já não são só nicks. Têm nome próprio e aparência física e ocupam espaço no meu coração.

Mas também há alguns nicks que penso que não quero conhecer e nem falo de pessoas com quem ainda não estabeleci laços de amizade virtuais. Tenho medo, muito medo, que se perca a magia, porque à "namoros" que só aqui fazem sentido. A alguns, tenho medo de desiludir, pelo que esperam de mim, por aquilo que posso não ter capacidade para ser; outros, não quero conhecer por puro egoísmo, porque gosto de os imaginar "à minha maneira" e tenho medo, muito medo, que não sejam o que espero; outros, ainda, porque temo gostar mais da pessoa do que do boneco e a crítica ao texto nunca mais possa ser destituída de elogio à pessoa. E o contrário também é válido.

E isto vem a propósito do quê? Bem, o mês passado fui "descoberta" por um amigo. Ainda não percebi como, que nem sabia que frequentava os blogues. E agora sinto (ainda) mais a falta de o ler...

Voz em Fuga