quinta-feira, janeiro 19, 2006

POR MARX, SEMPRE!

Delicioso texto este. Confesso que prefiro ler assim que esguichos de raciocínios (muitas vezes, demasiadas vezes, o meu) do deve-haver da contabilidade percentual e ter a ilusão que, aqui na blogosfera, se pode “puxar carroça”. Como eu, que já não suporto ler-me, a maioria assim pensará. Eu sei que passei de chato, entrando na fase aguda da seringa apontada à veia. Que me desculpem os tolerantes. Os outros já limparam o “link” e bem o fizeram. Um chato só tem, quando muito, lugar no caixote da “reciclagem”.

Como Groucho Marx o disse, dizendo-me: “eu demitia-me do clube que me aceitasse como sócio”. Esquecendo o meu estimado Groucho, não me coibi nem demiti. Pior, procurei não passar pelo intervalo da chuva, reservando silêncios sobre opções, ou ancorando-me nos velhos partidos a seguir-lhes os sinais velhos e gastos, nem sequer deixei de mostrar que havendo uma opção, um cidadão só se pode bater por ela, devendo gritá-la ao vento que passa. Sabendo, como desconfio que sei, que vai haver um fartote de “montes” de alegretes, recém-assumidíssimos e de bandeira na mão, na blogosfera e não só, quando, depois de domingo, se vir que o Poeta Presidente caminha até Belém. E vão profanar-nos a festa (pelas patifarias que contra Alegre andaram a vomitar ou pelos silêncios engolidos quando deviam falar e se calaram a ver a caravana passar até a lotaria andar à roda), não por virem à festa, mas ao trazerem não uma garrafa mas um caixote de garrafas de champanhe prontas a abrir.

Com esta esgotante campanha, terei perdido visitantes, entre a nobre gente disposta a aturar-me. Que só mostra que a paciência tem limites, o que é prova de bom gosto e critério de escolha. E eu só posso ficar feliz por os perder, sabendo-os mais chatos e mais velhos que o chato e velho que sou. Talvez seja, terminada a campanha, a altura de fechar, por falência, o blogue. Por esgotamento de inspiração e por não ter honrado a coerência no meu culto perante o meu único Mestre Maior - Groucho Marx. Porque com Cavaco recolhido à Católica, à Maria, ao Bolo-Rei e à Contabilidade, com um Presidente das Palavras e de Palavra em Belém, eu ficarei a mais neste filme em que me esgotei. Voltarei a sentir-me livre como cidadão e, talvez então, me ache em condições de abrir um (outro) blogue, pueril, lúdico e faz-de-conta, descomprometido, com bocas de maduro infantilizado, pouco chato ou menos chato. E, depois, poderei pedir ao velho Groucho que me perdoe a infracção no que tão bem combinámos.

Mas, aviso, até à segunda volta, eu não desisto. Porque sei que quem aqui vem, já sabe ao que vem. Ou depressa aprende.

Água Lisa (5)