sexta-feira, dezembro 23, 2005

PÉ NA CHINELA

(Autor que não foi possível identificar, foto)

Iluminações de Natal são em Lisboa. Qual Londres, quais Champs-Elysées, qual Nova Iorque, qual quê?!... Umas árvores com fiadas de luzes esparsas à mistura com bolas piores do que laranjas mal enxertadas, e pouco mais. Muito é o reclame: papai Nöel, Happy Christmas, árvore em grande no Midtown Rockfeller Center. No resto é “ala que se faz tarde, quem quiser mais pague, vícios não merecem sustento, somos os umbigos do mundo e mais há que poupar energia, euros, libras e dólares.

Na exclusiva Londres e procuradíssima Regent Street, penduraram candelabros jamais aceites no quarto dos fundos de Buckingham. Uns bisontes e outros bichos igualmente mal encarados em serradura prensada com uns luziratos azuis lá por cima; o pessoal, cá em baixo, enfia o nariz nos cachecóis e no chão por causa da lama e dos milhões de pés embotados (mais vezes do que o sensato, desfilam pés nus enfiados em sabrinas - a Audrey Hepburn devia morrer de pasmo!). Ninguém olha para cima, só para baixo e para os lados, onde nas montras de estalo os decoradores engendraram lustro e fama. Aí sim, comparados com eles borregamos. Recriam ambientes sofisticados e temáticos, enfeitam fachadas inteiras, primam no glamour e originalidade. O apetite é único: chegar à «miss» assistente de loja (uff, tanta coisa para uma caixeira!) e ordenar em tom seco, no luso linguajar: “Pssst, ó da casa! Faça-me o favor: embrulhe a montra inteira.”

Apanhassem os franceses, americanos ou ingleses, o bom gosto do design, a profusão e a criatividade dos nossos enfeites de Natal, não faltariam prospectos nas agências e outdoors nas cidades – Lisbon By Christmas, ou “Porto by Christmas, tasting «cozido»”, ou ainda “Alguidares de Baixo By Christmas with «bacalhau»”. Uma fortuna que pela falta de iniciativa desperdiçamos. Que farão as entidades cujo dever é a promoção turística de Portugal? Haja paciência!...

Sem Pénis, Nem Inveja