Evolução dos símbolos

"Torre de Babel", "Metropolis" de Fritz Lang














A Torre de Babel, Pieter Brueghel o Velho


Diz o livro do Génesis que os homens decidiram construir uma torre gigante para alcançar o Reino dos Céus. Deus terá ficado irado com a ousadia humana e terá feito com que cada trabalhador começasse a falar uma língua diferente. Ninguém se entendia, pelo que a construção tornou-se impossível— e surgiram assim as várias línguas e as várias tribos.

A ambição e interesse dos Homens originou uma cooperação voluntária e espontânea tão forte que os levou a desafiar a sua condição humana. A Torre de Babel era símbolo da sua determinação e capacidade de realização. Contudo, quando foi destruída a "cultura única", representada pela língua comum, o fim único tornou-se impossível, e cada povo foi à sua vida. A monumental construção só poderia ter sido continuada faraonicamente, à força do chicote.

As teses construtivistas inverteram a parábola: como vencer a irracionalidade do livre arbítrio humano por forma a alcançar a máxima prosperidade e máxima "justiça"? Os mais elevados ideais "humanistas", cientificamente determinados, são continuamente negados pela diversidade cultural. Logo, há que justificar e impor a visão "correcta" à sociedade, seja por formatação cultural seja por coacção "benévola".

A "nova Torre de Babel"— símbolo recorrente em muitas distopias que retratam totalitarismos— representa o triunfo da vontade e a linguagem monolítica do Poder. É um monumento à domesticação das ordens espontâneas— relembra às pessoas que as coisas não precisam de ser exactamente como elas querem.

A arte da Fuga