segunda-feira, janeiro 09, 2006

Escritor de papel

Imagem



Umas gotas de sangue caíram-me num lenço de papel. Gotas gordas, pesadas. O lenço interrompeu a queda livre com que fugiam do nariz, sem salpicos atrás. Mesmo assim caíram, um pouco, o suficiente para trespassarem o papel num instante, visando com a mesma cor compacta o outro lado.

Com outra luz e outro ar seria vermelho vivo, mas debaixo de um candeeiro e já absorvido pela folha branca, o vivo deu lugar ao vermelho seco, quase castanho. No sítio onde limpei o nariz, após a última perda, vejo agora uma pincelada, um traço a óleo feito de pó de tijolo.

Fico curioso com o desenho que as gotas terão formado através do lenço semi-dobrado. Apartando duas pontas perturbo uma tensão que se criara num segundo: o sangue uniu as finas folhas que formam o lenço e resistem agora juntos ao estender do papel.

Este sangue já não é meu, mas tem uma cor bonita. Não sei que nome lhe dar mas é bonita a cor deste sangue de papel.

Slow Blog

1 Comments:

Blogger Rui MCB said...

Fica bem sim senhor (a imagem). Grato pelo plágio referenciado ;-)

Blogolento

segunda jan. 09, 03:12:00 da tarde GMT  

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