terça-feira, janeiro 17, 2006

podia falar sobre o tempo, mas agora não tenho vagar

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Em casa da minha avó havia dois grandes relógios de parede. Soavam as badaladas em diferido, o que cedo me ensinou sobre a relatividade do tempo. Primeiro ouvia-se o do andar de baixo, de som mais grave. Quando me chegava o tinir do relógio de madeira pintada de verde, próximo do meu quarto, contava até doze e sabia que era mesmo muito tarde.
Acrescida a excitação da insónia, ficava muito satisfeita comigo por ter resistido tanto ao sono. O pensamento a resvalar para impossibilidades ainda impregnadas de verosimilhança. Os membros entorpecidos. Queda.

de vagares