quarta-feira, janeiro 11, 2006

SONETO DA DESESPERANÇA

De não poder viver sua esperança
/ Transformou-a em estátua e deu-lhe um nicho Secreto,
/ onde ao sabor do seu capricho
/ Fugisse a vê-la como uma criança.
// Tão cauteloso fez-se em seus cuidados
/ De não mostrá-la ao mundo, que a queria
/ Que por zelo demais, ficaram um dia
/ Irremediavelmente separados.
// Mas eram tais os seus ciúmes dela
/ Tão grande a dor de não poder vivê-la/ ,
Que em desespero, resolveu-se:
- Mato-a!
// E foi assim que triste como um bicho
/ Uma noite subiu até o nicho
/ E abriu o coração diante da estátua.//
(Vinicius de Moraes)

UTOPIA