a prenda inesperada
Deve ter sido entre as 8 e as 9 da manhã do dia 19 de Janeiro de 2006.Estava deitado sobre o meu lado esquerdo, tapado até ao pescoço, no quentinho do edredon.
Comecei por sentir passos no quarto, a aproximarem-se da cama. Senti um arrepeio, e todo o corpo foi percorrido por uma espécie de formigueiro, dos pés à cabeça
.Um pouquinho de medo surgiu, mas rapidamente o controlei. Deixei-me ficar, na mesma posição, sem me mexer, e aguardei, esperando, simplesmente.
Então, senti que, por detrás de mim, o colchão baixou como se alguém se tivesse sentado na cama. Uma mão pousou sobre o meu ombro direito, enquanto que um corpo se debruçava sobre mim. Senti-o perfeitamente, sem qualquer espécie de medo. Não conseguia ver-lhe a cara.
Procurei mover-me, mas nenhum músculo obedecia.
Então, senti quem era. Não lhe ouvi qualquer palavra. Nenhum som. Só eu, possuído duma alegria interior, pronunciava coisas como "gosto de ti, gosto de ti"...
Depois, procurei falar, gritar para que alguém me ouvisse dizer que "ela" estava ali comigo... Procurei mover as pernas, mas nem um pequeno movimento consegui. As palavras pareciam sair da minha boca, mas... sem som. Ninguém me ouvia.
Então, deixei-me ficar. Numa paz, num bem-estar, numa tranquilidade total. Completamente imóvel, com aquele corpo debruçado sobre mim, sentia-me plenamente bem. Sem pronunciar uma palavra, sem emitir qualquer som, aquela presença transmitia-me uma sensação de bem-estar indescritível.
Fiquei ali com ela não sei quanto tempo.
Depois, a sua mão deixou-me o ombro, senti que se levantava da cama, e senti-lhe os passos a afastarem-se.... E a minha mãe foi-se, calmamente, na mesma paz, no mesmo silêncio. E eu pude mover o corpo, outra vez, e voltar-me na cama.
Escrevo isto, poucas horas depois de ter acontecido. Passou-se exactamente assim! No instante em que aquela presença se debruçou sobre mim, eu senti imediatamente que era a minha mãe.
Que me lembre, nunca sonhei com ela, e ela já faleceu há muitos anos...
Foi simplesmente um sonho, aquilo que se passou?...
O que posso afirmar é que tudo pareceu tão natural, tão real, que me apressei a vir transcrevê-lo, antes que esquecesse algum detalhe!...
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